Rua General Osório (ex-rua Porto dos
Padres)
Tinha começo exatamente onde começava o Porto dos
Padres, daí sua primitiva denominação. Passou a chamar-se General Osório em
1872, isto é, dois anos após o término da Guerra do Paraguai, da qual
participou, valentemente, aquele soldado.
Dentro do cercado dos padres jesuítas, na
confluência das ruas General Osório e Nestor Gomes, situava-se o Forte de Santo
Inácio, também conhecido como São Maurício, por ostentar, no nicho do portão, a
imagem desse legendário romano. Esse mesmo santo tinha relíquia muito venerada,
na igreja de São Tiago.
A General Osório, estreitíssima, teria de largura
não mais de cinco metros. Pouco antes do início deste século todas as suas casas
eram baixas, muito antigas, depois substituídas por sobrados, ocupados por
tradicionais famílias de Vitória, tendo num deles residido Maria Saraiva, a
famosa doceira da cidade, Os doces eram vendidos em tabuleiro apoiado em armação
X, frente à escada da casa, daí que sobretudo a garotada fazia da General Osório
ponto de passagem, a caminho das aulas, para compra de guloseimas a vintém.
Em 1934, já obedecendo ao novo alinhamento da
artéria, foi inaugurada, fazendo esquina com a avenida Cleto Nunes, a Primeira
igreja Batista de Vitória, bela e ampla construção, infelizmente demolida em
1982. Na solenidade de inauguração, a que assisti em companhia de minha mãe,
recordo ter visto, pela primeira vez, o norte-americano Pastor Loren Reno, homem
respeitadíssimo, de grande fé e ação, chegando ao Espírito Santo em outubro de
1904, com a esposa e uma filha, tendo aqui realizado notável trabalho em favor
da educação da juventude e da assistência social, sendo fundador do Colégio
Americano, que foi, por muitos anos, quando seu diretor o antropólogo Alberto
Stange Júnior, o mais conceituado educandário da cidade.
Em 1943, o Consulado da Alemanha, instalado nessa
rua, foi seriamente danificado, já que, em decorrência do torpedeamento de
vários navios brasileiros a mando de Hitler, a população se desforrou, invadindo
escritórios e casas de alemães, destruindo-as totalmente. O Consulado mantinha,
no andar térreo do edifício nº 143, uma escola de boa frequência, onde só se
ensinava alemão, sendo que, vizinho à mesma, residia um ancião, homem com quase
noventa anos, cego, que ainda assim, se distraía tocando piano. Na ocasião,
invadiram-lhe a casa modesta, quebraram-lhe o piano, roubaram-lhe tudo, atirando
o velhinho nas águas da baía, onde morreu por afogamento. O cúmulo da
impiedade!
Da década de 40 até os anos 50, a General Osório
contava com três ou quatro pensões de mulheres, sendo a mais procurada a de
Nenzinha, no número 120, quase defronte da primitiva redação de A Gazeta.
Atualmente, a General Osório, com amplo comércio,
tráfego intenso, com outro alargamento e pavimentação, não mais faz lembrar a
que conheci, anos atrás, quando a rua era silenciosa, discreta, tendo, à esquina
com a rua do Comércio, de um lado, o Café José de Almeida, antiga Padaria
Rezende, do outro, a Farmácia Pessoa.
Fonte: Logradouros Antigos de Vitória,
1999Autor: Elmo Elton
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2012
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2012
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