Foi no correr do ano de mil novecentos e vinte e
quatro, quando administrava o município o engenheiro Seabra Muniz, que Cachoeiro
de Itapemirim se viu dotada do importante melhoramento nos transportes urbanos:
o bonde elétrico.
A linha foi instalada por Gustavo Corção, a
princípio, entre a Fábrica de Tecidos e a Ponte do Amarelo e estendida, depois,
até a estação Bahia e Minas. A “Companhia Serviços Reunidos Itapemirim”, que,
por contrato, assumiu o encargo da manutenção dos bondes, não pode atender às
cláusulas contratuais para construir a linha do lado norte, até a Fábrica do
Cimento.
O folclorista Leonardo Motta, ao passar pela
cidade, na ante-véspera da Revolução de 30, realizando brejeiras conferências
literárias, colheu do livreiro Reynaldo Machado a informação de como a gente da
terra apelidava os bondinhos: Upa e Cupa. E
registrou, no seu livro: “No Tempo de Lampião”, a cacofonia de duplo sentido que
os cachoeirenses se compraziam em formar na frase informativa de que quando o
Upa sobe o Cupa desce.
Nas ruas apertadas, calçadas de paralelepípedos,
o bondinho (que até nem era grande), atravancava o trânsito, rangendo, gingando,
provocando barulhenta estática nos rádios receptores das residências, entrando
em disputa com as carroças, caminhões, alguns poucos fordecos e chevrolets, de
passeio, na primazia da passagem. E surgiam outros problemas, pois os bondes,
com o seu peso, abalavam os calçamentos até uma distância de dois metros, sendo
necessário levantar os paralelepípedos e reparar as linhas com a maior
frequência.
Quando a energia elétrica que era fornecida pela
Central Brasileira foi se tornando cara e o serviço dos bondes ficou oneroso, a
exemplo do que vinha ocorrendo em todas as cidades brasileiras servidas por esse
transporte, ele teve de ser suspenso.
Lembro-me que, em 4 de junho de 1938, publiquei
uma crônica no Correio do Sul, na qual coloquei pessoas romanticamente
debruçadas nas janelas, com lágrimas nos olhos e lencinho branco acenando um
adeus ao último bondinho de Cachoeiro...
Nota do Site:
Significado de Estática
s.f. Física. Parte da mecânica que estuda o equilíbrio dos sistemas
de forças. Radiofonia. Ruídos causados pela eletricidade
atmosférica nas transmissões radiofônicas
Fonte: De Vasco Coutinho aos Contemporâneos,
1977Autor: Levy RochaCompilação:
Walter de Aguiar Filho
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