Espaço de encontros e despedidas, chegadas e saídas, onde todos os dias era
um vai-e-vem com pessoas chegando e trazendo notícias do “mundo do lá”, e
Estação de Matilde, recentemente restaura da e reinaugurada, está localizada em
uma das regiões mais belas do Estado do Espírito Santo.
O pequeno e singelo distrito de Matilde é cortado pelo Rio Beneventes que ao
longo de sua trajetória forma corredeiras e presenteia aquele conjunto
arquitetônico e natural com uma cachoeira de mais de sessenta metros de queda
d’água. Do mirante instalado em suas proximidades vislumbra-se uma paisagem
exuberante que enche os olhos e a alma de todo visitante que por ali passa.
A bela Matilde faz parte de Alfredo Chaves, um município fortemente marcado
pela imigração italiana que, no início do século XX, representava a quarta parte
dos habitantes do Estado. O município deve seu nome ao Inspetor Geral de Terras
e Colonização do Império Dr. Alfredo Rodrigues Fernandes Chaves, que recebeu
essa homenagem em função de sua relevante atuação juntos às comunidades
imigrantes que compunham a região.
O nome Matilde também é uma homenagem a uma das filhas do engenheiro Adolfo
Pinto Paca, encarregado da medição dos lotes agrícolas no século XIX. Suas
outras duas filhas, Guiomar e Virgínia também dão nome a vilas do município. O
nome feminino empresta uma aura especial ao lugar, marcado pela beleza e pela
suavidade.Segundo o historiador Luiz Serafim Derenzi, em 1895, o recenseamento
das colônias do município indicava uma população de 5.843 habitantes, e o número
de residências em 1.013 casas. Nesta época, o Brasil era grande exportador de
produtos primários, sobretudo o café. Alfredo Chaves foi beneficiado com a
implantação de vias férreas que favoreceram o escoamento da produção
beneficiando assim a maioria dos imigrantes ali estabelecidos.
A Estação Ferroviária de Matilde é a maior
estação implantada ao longo das estradas de ferro do Espírito Santo. Foi
inaugurada em 1902 e tornou-se um marco da engenharia ferroviária nacional.
Desativada em meados da década de 1980 foi tombada pelo Conselho Estadual de
Cultura em 1986.
Durante muito tempo e estação foi ponto de
encontro de gente “que vem e quer voltar, de gente que vai e quer ficar, de
gente que veio só olhar, e assim chegar e partir...A plataforma dessa estação é
a vida desse meu lugar”. Maria da Penha Franzotti descreve em seu texto “A Bela
Adormecida” esses momentos de intensa agitação durante a chegada do trem:”...de
repente o relógio avisa, o sino dá a partida, a espera veste-se rápida e o apito
ainda longe, alegra uns, entristece outros. Iniciam-se as despedidas: afagos,
queixas, promessas, cuidados, recomendações, vozes confundem-se. Corre o
guarda-chave, aguarda o guarda-freio, apressa-se o agente. Mãos procuram mãos,
malas, embrulhos, capas, o chalé, o chapéu, bilhetes de passagem e...mama mia!
Lá vem ele! Vagaroso em sua imponência, caloroso, vibrante, diferente do
solitário trem de carga. Vem em seu ritmo próprio, cantarolando o trilho,
exigindo atenções, estremecendo a plataforma, aflorando emoções, divertindo
crianças, inquietando mães.”
A restauração da Estação de Matilde e a sua
utilização pública como centro de convivência, dotado de um salão multiuso para
apresentações culturais implantado recentemente, deram um novo sentido ao
turismo cultural da região convidando a todos que desejam desfrutar uma paisagem
bela e sedutora e visitar um significativo patrimônio histórico e natural do
Espírito Santo.
Autor: Erlon José
PaschoalFonte:Caderno D – Ano I, Revista nº 2,
fev/2011Revista de Cultura do Diário Oficial do Estado do
ESCompilação: Walter de Aguiar Filho mar/2011
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