Autor: Jair Santos
Itaparica vem de
ita + pari + ka, com pari, significando canal onde é fácil apanhar peixe.
Representa também barragem ou cerca de madeira para aprisionamento de peixes,
como armadilhas montadas em pequenas lagoas e canais. Essa espécie de curral
pesqueiro é o que parece sugerir a conformação natural formada pelo pontal de
Itapuã, pela ilha de Pituã e pelo conjunto das ilhas Itatiaia onde até a metade
deste século, nos meses de novembro a março, era abundante a pesca da manjuba,
cujos cardumes apareciam anualmente.
Mas
existe também uma razão para o nome Itaparica e sobre isso vale a pena contar a
história de um tremendo blefe, assim narrado: um senhor, Albertino de tal,
mudou-se para Vila Velha com a família, fixando residência na praça Duque de
Caxias. Como Albertino não tinha profissão definida, aceitou a incumbência de
vender uma grande extensão de terra ao longo do mar e que se estendia de um e
meio a dois quilômetros do pontal de Itapuã até a foz do rio Jucu. Nesse tempo,
os terrenos negociáveis eram tão somente aqueles circunvizinhos ao antigo centro
da cidade, a curta distância da praça Duque de Caxias, e mesmo assim a baixo
custo. Seria, portanto, tarefa difícil, ou quase impossível, encontrar
pretendente para a área ou lotes tão distantes, que além de tudo estavam sobre
areia e sem qualquer infra-estrutura. Transcorria a década de 40 e a nação
estava tomada pelo sentimento nacionalista da campanha do petróleo. Enquanto
todos gritavam "o petróleo é nosso", o astuto Albertino colocava em prática a
idéia que lhe ocorrera. Abriu alguns buracos rasos em pontos esparsos da
restinga, onde lançou sobras de óleo e querosene. A partir daí, saiu espalhando
aos quatro ventos que havia encontrado petróleo entre Vila Velha e Barra do
Jucu. O Brasil inteiro estava impregnado pelo sentimento de defesa do ouro negro
que brotava do chão na região de Lobato, interior da Bahia, alvo da cobiça de
algumas empresas estrangeiras. Dito e feito: logo apareceu um ambicioso
pretendente! Diante do que viu e do bom preço, fechou negócio. Pagou e só depois
cuidou da análise do material e dos exames do solo, coisa muito complicada na
época. Vila Velha e Vitória acompanharam com expectativa todos os trabalhos
porque representaria o enriquecimento das duas cidades e o estado. Mas o
resultado foi negativo. Tudo não passou de uma grande mentira do tal senhor
Albertino. Mesmo assim, o empresário não esquentou a cabeça. Era homem astuto e
afeito aos grandes negócios. Sem dúvida, só ele seria capaz de vislumbrar o
extraordinário futuro da região. Por certo, era um jogo do qual só podiam
participar os mais destemidos ou aqueles que acreditassem no êxito das
oportunidades que a vida oferece. Tanto acreditou que não hesitou e tampouco
regateou a oferta. Não cuidou do resultado imediato, logicamente. Enquanto a
plebe pilheriava, o empresário planejou dar tempo ao tempo plantando côco de uma
extremidade a outra daquela área e, um ano depois, consorciando com o plantio de
abacaxi. Em pouco tempo iniciou farta colheita, construindo uma bela casa onde,
nos fins-de-semana, era visto recebendo famílias amigas.
O
bom resultado do negócio que realizou no passado pode ser avaliado hoje com nova
dimensão: ao grande vencedor foram suficientes 40 anos para legar ao clã dos
herdeiros, a incalculável fortuna enfiada numa faixa de areia
extraordinariamente valorizada, que é a orla do litoral de Vila
Velha.
Sendo
ele procedente da Bahia, registrou o empreendimento com o nome de Coqueiral de
Itaparica, embora estivesse todo o sítio localizado na orla da antiga praia de
Itapuã. Mais tarde desapareceram as plantações e o nome original, Itapuã, foi
sendo popularmente substituído pelos de Itaparica e Coqueiral de Itaparica. Hoje
podemos verificar que o segundo nome, Coqueiral de Itaparica, já foi
simplificado para Coqueiral.
Segundo
verificação local, a atual construção de 3 blocos residenciais na orla da praia
de Itaparica, esquina com a rua Dezessete, foi registrada com o nome de Nova
Itaparica. Certamente, em futuro próximo, esse trecho incorporará mais esse
nome.
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O
nome do empresário era o Sr. Armando de Oliveira Santos e sua esposa Dona Nair,
seu filhos Paulo, Antonio de Oliveira Santos (que foi da Confederação das
Indústrias) e Terezinha de Oliveira Santos.
Contribuição de: José Henrique Ruschi de Camargo
Contribuição de: José Henrique Ruschi de Camargo
Fonte: Vila Velha - Onde começou o Estado do Espírito Santo
Autor: Jair Santos
www.morrodomoreno.com.br
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