O
Mosteiro
Em
1589, no governo de Luíza Grinalda, aqui chegaram, vindos da Bahia, dois
beneditinos, o frei Damião Fonseca e o irmão-donato de nome Basílio. Acalentavam
o propósito de construir um mosteiro em Vila Velha. Muito bem recebidos pela
governadora, esta lhes ofereceu uma casa construída numa elevação situada na
sesmaria Boa Vista, recebida por doação de seu marido Vasco Filho. Depois de o
mosteiro ser ali instalado, a elevação passou a ter o nome de Ilha dos Bentos.
Mais tarde, em 1594, todo o sítio, inclusive a Ilha dos Bentos, foi oficialmente
doado à ordem dos beneditinos. Talvez a grande distância entre a propriedade
rural e a sede da Capitania haja desencorajado os religiosos a permanecer no
local, pois na vila de Vitória a ordem havia iniciado a construção de um
convento em terras também doadas pela governadora. O certo é que, tempos depois,
a sesmaria Boa Vista com a Ilha dos Bentos passou para o domínio dos
franciscanos que arrendaram o sítio a terceiros.
Em
petição dirigida ao imperador Pedro II, no ano de 1874, a Ordem Franciscana do
Rio de Janeiro requereu providências ao monarca para que o governo da Província
do Espírito Santo não permitisse a doação do citado sítio a determinada pessoa
que alegava tratar-se de terrenos devolutos.
Em
dezembro de 1591, a mesma governadora fizera à Igreja doação da colina em cujo
topo de granito foi elevada a ermida da Penha com “todo o chão e terra desde o
pé do dito monte até o cume...”
A
Petição
Petição
manuscrita por
Francisco de Almeida e Silva ao imperador Pedro II
Francisco de Almeida e Silva ao imperador Pedro II
"Senhor.
O
Padre Provincial da Ordem Franciscana do Rio de Janeiro, vem respeitosamente
perante Vossa Majestade Imperial Requerer providências e a cautella d’uma parte
do seu patrimônio ameaçada de usurpação por meio sub-repticio.
Desde
tempo imemorial a Ordem é senhora e possuidora d’uns terrenos situados na
Província do Espírito Santo, junto a villa do mesmo nome, denominada Ilha dos
Bentos. Trouxe-os quase sempre arrendados e recebeu a renda sem duvida nem
contestação de differentes arrendatários. Ultimamente o Suppte leo na Gazeta
Espírito Santense publicada na Capital d’aquella Provincia na parte do
expediente do Governo, em resumo, a petição de Francisco d’Almeida e Silva,
requerendo que lhe fossem dados aquelles terrenos reputando-os devolutos assim
como viu o Suppte o despacho mandado ouvir a Câmara Municipal e como pela
legislação em vigor incumbe ao Governo Imperial defender o patrimônio das ordens
Religiosas, vem o Suppte não só denunciar o facto, que prova com o documento
junto, como implorar as necessárias providenciais afim de prevenir o esbulho
premeditado.
O
Suppte beija as mãos de Vossa Majestade Imperial.
E.P. Mce
E.P. Mce
Comtº
de Stº Antº da Costa (ilegível) outubro de 1874.
Fr. João do Amor Divino Costa"
Fr. João do Amor Divino Costa"
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