Achamos
interessante fazer aqui algumas observações sobre a invenção do bonde. Em seus
primeiros passos, essa invenção deve-se ao alemão Werner Siemens, o qual, no ano
de 1879, apresentou-a na Exposição Industrial de Berlim, vindo a patenteá-la no
ano seguinte. As primeiras vias elétricas destinadas à utilização dos bondes
foram instaladas no ano de 1890 em Clermont-Ferrand, na França. No Brasil, nos
fins do século XIX, a cidade de São Paulo foi a primeira a introduzir o bonde no
país. Já em Vila Velha e Vitória a introdução desse transporte deu-se em 1910,
no governo de Jerônimo Monteiro.
Veículo
sui generis, diferente do trem, era movido à energia elétrica, enquanto aquele
se locomovia usando lenha como combustível e mais tarde carvão mineral, óleo
diesel e só depois eletricidade. Por assim dizer, o bonde, locomovendo-se
eletricamente e sem poluir a atmosfera, foi o precursor do transporte coletivo,
sendo também conhecido como carril urbano.
O
bonde elétrico tinha na sua parte superior uma alavanca ou vara. Se essa vara
ficava arqueada na sua extremidade o veículo deslizava sob o fio trolley ao
sabor da velocidade imprimida. Se a vara ficava ereta recebia no seu pólo uma
roldana, correndo sob o fio trolley estendido no alto, ao longo do percurso das
linhas desses carris urbanos. De uma forma ou de outra, essa alavanca ou vara
era removível, de tal sorte que, no fim da linha, o motorneiro podia reverter
sua posição deslocando-a para a outra extremidade do bonde para a viagem de
volta.
Os
bondes não dispunham de traseira: a traseira era a dianteira e vice-versa. Além
disso tinham dois motores e, nas suas linhas terminais, não existiam viradores
ou are de manobra na acepção da palavra; havia, sim, os desvios destinados a
posicionar os reboques para que a linha mestra ficasse desimpedida e por ela se
retomasse o curso da viagem de volta, indo o motorneiro para a outra extremidade
do bonde.
As manobras para engate e desengate do reboque ao bonde eram demoradas. Até concluí-las o motorneiro usava quatro vezes a cabine de comando. Só então partia em sua rota imutável. Essa operação um tanto quanto demorada dava-se apenas em dois lugares: em Paul e no centro Vila Velha, atrás da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Essas manobras aconteciam quando o bonde conduzia o reboque e o deixava nos lugares mencionados anteriormente para ganhar os seus trilhos principais em demanda dos respectivos pontos extremos Paul e Piratininga.
As manobras para engate e desengate do reboque ao bonde eram demoradas. Até concluí-las o motorneiro usava quatro vezes a cabine de comando. Só então partia em sua rota imutável. Essa operação um tanto quanto demorada dava-se apenas em dois lugares: em Paul e no centro Vila Velha, atrás da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Essas manobras aconteciam quando o bonde conduzia o reboque e o deixava nos lugares mencionados anteriormente para ganhar os seus trilhos principais em demanda dos respectivos pontos extremos Paul e Piratininga.
Nós,
como estudantes do Ginásio Espírito Santo – como era conhecido o Colégio
Estadual do mesmo nome -, tomávamos o bonde das onze horas para com folga chegar
ao educandário, cuja entrada para as salas de aula se dava ao meio-dia. E como
fazíamos? Já devidamente paramentados com o absurdo uniforme exigido, ficávamos
na espreita e na escuta aguardando o bonde, cuja chegada era denunciada pelo
ranger dos trilhos na curva fechada da confluência da avenida Jerônimo Monteiro
com a rua Luciano das Neves.
A
sua passagem ficava evidenciada no sentido Piratininga pelo cantar em alto e bom
som de suas rodas de aço em atrito apertado com os trilhos. Em assim ouvindo,
nesse exato momento encontrávamo-nos a mais de um quilômetro de distância.
Morávamos num sítio à margem e um pouco para dentro da estrada que naquele tempo
ligava Vila Velha à Barra do Jucu, hoje avenida Professora Francelina Carneiro
Setúbal, nome de nossa saudosa e querida mão, na região chamada de APicum do
Poço, agora denominada genericamente como bairro Itapoã, onde atualmente se
encontra um posto de gasolina com o mesmo nome.
A
esse sinal das rodas em atrito com os trilhos, de pasta escolar ora na mão, ora
embaixo do braço, corríamos esbaforidos para alcançar o famoso bonde da
estudantada, que passava às onze horas, num ponto que antecedia o da ruidosa
curva. Na verdade nunca o perdíamos, pois a manobra de soltar e engatar o
reboque proporcionava-nos o tempo necessário para alcançá-lo.
Fonte: Vila
Velha, seu passado, sua gente
Autor: Dijairo Gonçalves Lima
Autor: Dijairo Gonçalves Lima
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