De
início, os lotes não despertaram interesse entre os moradores locais, ainda que
oferecidos com áreas amplas para receberem residências espaçosas a preços
acessíveis. Na verdade, o vilavelhense foi surpreendido com tal tipo de coisa
porque ao longo de muitos anos acostumou-se à idéia de que era dono absoluto do
seu espaço e do mar infinito. Foi assim que viveu desde a transferência da sede
da capitania para a ilha até a metade do século. Todo filho de Vila Velha podia
ser comparado às gaivotas no seu vôo livre, flutuando bem alto ao sabor do vento
nordeste, que sopra constantemente trazendo o cheiro do mar. Na realidade, ele
só despertou com a presença de gente diferente morando em casa nova, logo
adiante. Era mais um amigo que ganhava, alegrou-se, mas depois percebeu que
perdia um pouco do espaço que pensava ser seu.
Logo
depois surgiu o loteamento da segunda grande área litorânea compreendida entre a
praia da Costa, o loteamento da propriedade Motta, o rio da Costa e as terras de
outros proprietários do lado sul da cidade. Era a gleba conhecida por sítio
Flexal ou Frechal, de propriedade de Manoel Ferraz Coutinho. O empreendimento
teve a autoria de Albuquerque e Clodomir de Sá Adnet, que vieram de Vitória e
fundaram a Sociedade Imobiliária Nossa Senhora da Penha. O loteamento foi
aprovado pelo prefeito Domício Ferreira Mendes, em 1950.
E
assim, Vila Velha foi descoberta pelas empresas imobiliárias, e como a procela
que se lança sobre o rochedo, assim chegaram as empresas de construção que há
alguns anos vêm "coroando" Vila Velha como o município que mais cresce no
estado. A cidade conta atualmente com uma infinidade de forasteiros, cujos
modismos a transformaram, repentinamente, numa cidade cosmopolita e muito
estranha.
Fonte: Vila Velha - Onde começou o Estado do Espírito Santo - 1999
Autor: Jair Santos
Autor: Jair Santos
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