Afinal, chegara o grande dia em que Jerônimo
Monteiro ia cumprir a segunda etapa de suas realizações no município, conforme
havia prometido por ocasião da inauguração da luz, quase dois anos atrás.
Em pouco tempo, ao longo da linha surgiram os
primeiros núcleos urbanos e com eles os bairros. O transporte marítimo de
passageiros, comunicando a ilha com o continente, estava agora restrito a um
pequeno trecho compreendido entre o terminal dos bondes de Paul a Vitória, por
meio de lanchas. Era o que faltava a Vila Velha para o seu desenvolvimento e
crescimento demográfico.
Naquela linda manhã de outono, iluminada por um
sol ameno, as pessoas formavam grupos nas ruas da cidade e confraternizavam. Era
grande a euforia de todos, que aguardavam a chegada dos bondes a qualquer
momento.
12 de abril de 1912. Pequena multidão estava
formada diante da estação em cuja plataforma os bondes estacionavam. No interior
da estação, cercado de autoridades estaduais e municipais, o presidente Jerônimo
Monteiro abria a solenidade concedendo a palavra ao capitão Francisco de Paula
Pacheco, diretor da empresa Pacheco e Cia, responsável pela construção da linha
de bondes. Ao falar das dificuldades encontradas, decorrentes de vários corte de
pequenos morros e de pedreiras, além da necessidade de serem construídas duas
pontes, o que não acontecera em Vitória, onde as obras para o carril foram mais
fáceis, o orador falou de um desânimo que quase tornou em vão o seu esforço
diante da obrigação contratual de entregar a obra dentro do prazo determinado.
Só não fraquejou porque a perseverança, as palavras de coragem e de estímulos do
presidente Monteiro marcaram o ânimo e a certeza de que tudo sairia em tempo
hábil.
Cumprindo a pragmática adotada em seu governo,
Jerônimo Monteiro convidou o presidente do Congresso Legislativo Estadual,
doutor Júlio Leite, a soltar o laço com cores da bandeira do Estado, que,
simbolicamente, prendia a alavanca de funcionamento dos dínamos geradores da
força auxiliar que movimentaria os bondes.
Estava inaugurada a linha de bondes que, do
terminal de Vila Velha até o cais das lanchas em Paul, atingia uma extensão de
aproximadamente dez quilômetros. A estação de Aribiri correspondia a metade do
caminho.
O presidente, autoridades e pessoas gradas
ocupavam os dois bondes que fizeram a viagem inaugural até o centro de Vila
Velha.
A ata que registrou o evento teve sua redação
concluída pelo secretário do Governo, doutor Carlos Xavier Paes Barreto, na sede
da Administração Municipal, em cuja oportunidade falaram, enaltecendo o trabalho
do presidente Monteiro, os senhores Carlos de Sá, Cirilo Aristides da Rocha e
Antônio Ataíde. Logo depois, foi a ata assinada pelo presidente de Estado e por
mais cento e quinze pessoas.
Jerônimo Monteiro, como sempre, tomado de vivo
entusiasmo. Comportou-se como se estivesse inaugurando uma obra em sua terra
natal e comentou:
- Agora, só falta a água encanada que, tenho
certeza, até o final do meu governo, no próximo mês, será instalada.
E assim aconteceu! No dia 20 de maio de 1912, com
a presença do governador eleito, Marcondes Alves de Souza, ainda não empossado,
foi inaugurada a água encanada para Vila Velha. Coube a Álvaro de Teffé, cunhado
do presidente da República, marechal Hermes da Fonseca, declarar ligada a
adutora que conduzia a água encanada para este município. (mensagem encaminhada
ao Congresso Legislativo Estadual, pelo presidente Jerônimo Monteiro, em
23/05/1912 – Biblioteca Estadual, Vitória).
Autor: Dijairo Gonçalves LimaFonte: Vila Velha
seu passado e sua gente, 2002Compilação: Walter de Aguiar
Filho com modificações no texto original, março/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário