A Barra do Riacho originou-se basicamente de uma
das três grandes fazendas que havia nas proximidades do Rio Riacho, surgidas com
a criação do Município de Santa Cruz, que abrangia aquela região. Em 1848. Esta
fazenda, que se chamava Flor da Barra, começava na saída norte da (atual) Barra
do Riacho e ia até o Córrego das Minhocas, na Praia das Conchinhas, sendo sua
sede um casarão na foz do Rio Riacho.
A casa grande de uma das outras fazendas, a
Mercantil, de Luís de Mattos, hospedou o imperador Dom Pedro II em fevereiro de
1860. O monarca estava fazendo uma visita à Província do Espírito Santo e
percorreu praticamente toda a orla marítima do Município de Santa Cruz.
Em 1912, como havia muitos posseiros ocupando a
área em torno do pasto da Fazenda Flor da Barra, seu proprietário, Antônio Lobo,
resolveu doar aquelas terras a seus ocupantes, num total de 30 hectares. Estava
criado o povoado de Barra do Riacho. Em 1940, o filho-herdeiro de Antônio Lobo,
Armando Lobo, doou mais de 20 hectares.
Por volta de 1930, Barra do Riacho já contava com
cerca de 150 habitantes, destacando-se as famílias Azeredo, Alvarenga, Souza,
Leal, Bandeira, Pimentel, Matos, Andrade, entre outras. Conta o historiador José
Maria Coutinho que “nessa época, não havia carros nem estradas, apenas caminhos
abertos a foice ligavam Barra do Riacho com outros povoados e toda viagem era
feita a cavalo ou a pé. Os doentes eram transportados em redes”.
O pai de José Maria, José Coutinho da Conceição,
passou a morar no progressista povoado por volta de 1932, dedicando-se à
agricultura e depois ao comércio. José Coutinho também ajudou a desbravar a
região e levar melhorias, como estradas e pontes, principalmente durante seus
dois mandatos de vereador (1946 a 1954).
Conta seu filho: “Barra do Riacho ganhou as
estradas que a ligam com a Vila do Riacho, Pau-Brasil e Barra do Sahy, tendo o
vereador comandado os índios e caboclos na abertura da estrada, a foice,
machado, facão, enxada e enxadão. José Coutinho foi também responsável pela
construção das pontes sobre os Rios Sahy e Gemunhuna e do primeiro cemitério.
Além disso, liderou a construção da Igreja de São Sebastião três vezes.
Com o desenvolvimento maior de outras regiões do
município, na década de 50, a Barra do Riacho também entrou em decadência
econômica e perdeu poder político, agravado pela morte de José Coutinho, em
19/8/57, e de sua mulher, Amália Del Santo Coutinho, em 1963. Mesmo assim,
elegeria vereador o major Otto Netto (1955-1958) e José Souza (1973-1977).
A Barra do Riacho voltou a ganhar destaque a
partir de 1976, quando foi literalmente “tomada” pelos milhares de operários que
trabalhavam na construção da fábrica da Aracruz Celulose, a cerca de um
quilômetro ao sul da vila. A fábrica entrou em atividade em outubro de 1978,
construiu seu porto exclusivo pouco depois e foi ampliada cerca de dez anos
depois, duplicando sua produção e se tronando a primeira fábrica de celulose do
mundo.
Como Barra do Riacho recebeu muito pouco dos
benefícios deste progresso e praticamente todos os seus problemas, nos últimos
dias de agosto/80 surgiu a ACBR (Associação Comunitária de Barra do Riacho),
fundada por José Maria Coutinho e Jurandir Ângelo.
Como efeito maior do trabalho de conscientização
que José Maria já vinha liderando desde dois anos antes, a ACBR conseguiu fazer
com que o lugar ficasse “com cara de cidade”. Os moradores passaram a ter
confortos que até então desconheciam e se tronaram uma das comunidades mais
politizadas do município.
Tanto é que voltaram a eleger vereadores a partir
de 1989: Waldyr Vieira exerceu dois mandatos (1989-1992); Pedro Tadeu Coutinho,
filho de José Coutinho da Conceição, idem (1993-1996 e 1997-2000); Marcelo de
Souza Coelho (1997-2000).
Fonte: Faça-se Aracruz! (Subsídios para
estudos sobre o município),1997Organizador: Maurilen de
Paulo CruzCompilação: Walter de Aguiar Filho
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