No começo do século XX,
pescadores portugueses, originários de Povoa do Varzim, que moravam na Capixaba,
bairro de Vitória, insatisfeitos com o problema das correntes marítimas no canal
da baía, ocuparam os terrenos baldios do Suá. Ali construíram suas casas de
estuque, e, coordenados pela Colônia de Pesca Z 2, passaram a viver da
pesca.
Fixava-se assim, desde os
primórdios, a vocação pesqueira do futuro bairro. A linha de bondes
(ferro-carril), inaugurada em 1912, facilitaria a vida desses
pioneiros.
Luiz Derenzi dá o ano de 1906
para início da ocupação dos lotes da Praia do Suá. É o mesmo ano citado em
depoimento de Eugênio Rodrigues: “Eles (os pescadores) moravam na Capixaba.
Depois é que vieram aqui para a praia. Isso, diz o pessoal, foi em 1906. Eles
fundaram a Praia do Suá. (...) Sempre foram pescadores. Quando vieram para o
Brasil, vieram de Portugal.”
Além das dificuldades oferecidas
pelas correntes marinhas do canal da baía de Vitória, Eugênio Rodrigues
acrescenta outro motivo para a transferência dos pescadores para a nova colônia:
“Aqui era mais perto da barra.”
Havia cerca de quarenta famílias
portuguesas cujos chefes se dedicavam à pesca em alto-mar. Segundo os moradores
mais antigos, os mais conhecidos foram o Torquato (José Francisco Marques),
David de Maio, João Capuchinho, João Ribeiro, Eugênio Reis, Mário Cisteiro,
Antônio Paes, o Belmiro, João Varanda, David Fanguetro, João Rodrigues da Silva,
o Stoco, o Alvarenga, o Lavradeira e Antônio Varanda.
É natural que, no seio dessa
comunidade de pescadores de origem portuguesa, a devoção por São Pedro se
constituísse um traço marcante de uma tradição muitas vezes secular.
Foi através de Portugal que o
culto a São Pedro entrou fortemente na terra brasileira, enraizando-se junto aos
que, nas diversas povoações marinhas que se formaram na costa brasileira, no
período colonial, viviam do mar e da pesca.
A comunidade de pescadores
lusitanos que se assentou na Praia do Suá, naturais de Povoa do Varzim, região
do Minho, não fez, portanto, exceção à regra e pode-se afirmar que foi graças a
este fundo de cultura, associando tradição religiosa e atividade pesqueira, que
a Festa de São Pedro se cristalizou como evento de bairro – festa de lugar onde
o mar em enseada era porto de barcos, pouso de redes e repouso de
pescadores.
Vale esclarecer que não se deve
confundir os pescadores portugueses, que fundaram a colônia, como uma leva de
artesãos navais, também portugueses, que iniciaram no estaleiro do Suá, por
volta de 1950, uma empresa construtora de barcos, tendo o apoio do Governo do
Estado.
Fonte: Festa de São
Pedro na Praia do Suá
Autores: Luiz Guilherme Santos Neves/ Renato Pacheco/ Léa Brígida R. de A. Rosa.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2012
Autores: Luiz Guilherme Santos Neves/ Renato Pacheco/ Léa Brígida R. de A. Rosa.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2012
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