A primeira Rua do Comércio, que data do século
XVII, tinha começo na General Osório e ia até o Cais Schimidt. Quando do
centenário de Florentino Avidos, ocorrido em 1969, a artéria recebeu o nome do
ex-presidente do Estado, denominação abrangendo a área que começa na escadaria
do Palácio Anchieta e termina naquele extinto cais, já agora aterrado.
A Rua do Comércio, então com uma só calçada, dava
frente para o Porto dos Padres, também aterrado, vista a construção definitiva
do atual cais do porto. Constituía-se de sobradões, alguns encimados por
estátuas de cerâmica portuguesa, fabricação de Santo Antônio do Porto, sendo que
vários desses ornatos, tão procurados por antiquários e colecionadores, ora se
encontram no Museu Solar Monjardim.
Ditos imóveis datavam quase todos do começo do
segundo meado do século XIX, esses se entremeando com casas baixas, de taipa,
anteriormente construídas, conforme se pode observar em antigas fotografias
dali.
No Porto dos Padres, assim chamado desde o tempo
dos jesuítas, flutuavam ao largo saveiros e “pontões” da casa Hard & Hand,
carregados de café á espera de navios. Um canal cortava a Rua do Comércio, se
alongando pelo meio da rua da Vala (atual avenida República), a ponte, para
atravessá-lo, com altura bastante para que, por baixo, passassem canoas com
tripulantes agachados rumo ao cais de São Francisco.
O movimento marítimo, intenso no Porto dos
Padres, isto em decorrência do comércio que lhe ficava de frente, propiciou a
abertura de muitos botequins à beira mar, - os chamados quiosques. Nesses
originais botequins, hexagonais ou redondos, de madeira, cobertos de zinco e
pintados a óleo, tomava-se cachaça pura ou com xarope, bebia-se café requentado,
caldo de cana, comia-se lingüiça e manjuba frita, batata doce assada, bolos
mata-fome, rapadura, bijus, bananas, coisas trazidas do Porto do Cachoeiro, de
Cariacica, da Serra e das fazendas de Itaquari.
O primeiro dos quiosques surgidos em Vitória era
de propriedade de Sebastião da Costa Madeira, que o instalou no jardim
Municipal, em 1892. Tais botequins, anti-higiênicos, com muita mosca varejeira a
pousar-lhe no balcão, nos pratos e canecos de ágata, serviram de ponto a
malandros, biscateiros, embarcadiços, local de discussões, de pancadaria, de
forma que os cidadãos mais precavidos não os frequentavam, antes se distanciavam
deles, sendo que o último desses botequins desapareceu em 1925. Situava-se no
Porto dos Padres, dando frente para a rua General Osório, onde hoje se ergue o
Edifício dos Comerciários.
Na Rua do Comércio existiu, por muito tempo, uma
casa de pasto, com a seguinte tabuleta: CASA DE PASTO – ASSEIO E PRONTIDÃO – DE
BENEDITO ANDIÃO.
Das notícias mais antigas dessa artéria sabe-se
ter funcionado ali, no número 31, a tipografia do jornal Província do Estado,
datando de 1882 a reconstrução de seu ancoradouro, por iniciativa de
comerciantes locais.
Em 1907, com a chegada de três bondes de tração
animal, a rua do Comércio despertou curiosidade geral, já que , a partir de 11
de junho, dali saía o bondinho puxado a burro, levando passageiros até o Forte
de São João.
Outra atração da artéria: Era o ponto preferido
para se assistirem às regatas promovidas pelos clubes Saldanha da Gama e Álvares
Cabral, num tempo em que a cidade dispunha de pouca diversão.
O antigo comércio atacadista, em Vitória, foi
sempre mais intenso nessa rua, hoje ainda mantendo o movimento de anos atrás, já
que, com o aterro do Cais do Porto, ganhou a mesma uma segunda fileira de
construções, ou melhor, de edifícios, inclusive o prédio onde funciona o Moinho
Buaiz.
Fonte: Logradouros Antigos de Vitória,
1999Autor: Elmo Elton
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2012
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário