sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Você conhece os heróis do Espírito Santo?


Eles dão nome a festas, ruas, cidades, bairros e até a palácios, mas maioria absoluta da população não faz a menor ideia de quem foram Caboclo Bernardo, Maria Ortiz, Domingos Martins, Luísa Grimalda e outros

 
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Eles dão nome a festas, ruas, cidades, bairros e até a palácios. Mas muita gente desconhece os feitos e até a existência de algumas importantes personalidades do Espírito Santo. A participação destas pessoas na História local rendeu até a alcunha de herói a determinadas figuras. Caso do Caboclo Bernado, natural de Regência, em Linhares, o pobre pescador têm seus feitos celebrados em festa, com dança e música todos os anos, neste primeiro final de semana de junho, em Linhares.

Caboclo Bernardo não é o único. Como ele, em maior ou menor escala, também são desconhecidos da população Maria Ortiz, Domingos Martins, Vasco Coutinho, Pr. José de Anchieta, Frei Pedro Palácios e Luísa Grimaldi. Também como ele, todos, a seu tempo, deram contribuições distintas a construção da história e da identidade dos capixabas.

Para realizar essa tarefa, quatro historiadores foram convidados para descrever e comentar sobre as realizações de pelo menos duas figuras históricas. As interpretações foram as mais variadas possíveis. Do questionamento sobre a existência ou não de determinado personagem, a fatos obscuros da história deles, muito foi conversado.

O historiador, poeta e especialista em História do Espírito Santo Fernando Achiamé, 61 anos, cita o dramaturgo e filósofo Bertold Brecht para descrever a relação da sociedade com heróis. "Como ele dizia, 'não é feliz o povo que precisa de heróis', e realmente o ideal é que a população se espelhe nela mesma para seguir adiante, sem a necessidade de um guia ou mentor", teoriza.

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Exageros:

Na mesma linha de pensamento está o também historiador e especialista em História do Espírito Santo Luiz Guilherme Santos Neves, 77 anos. Para ele, é um pouco exagerado descrever como heroísmo realizações de figuras históricas. "Seria mais indicado destacar a importância das realizações dessas pessoas e a contribuição que cada um deles deu para a construção do Espírito Santo", defende.

Achiamé lembra que a necessidade da criação destes heróis surgiu com a República. "O Brasil republicano precisava de se afirmar, criar uma identidade. Até porque essa primeira fase, logo após ao império, foi muito inspirada nos Estados Unidos da América, onde os Estados tinham muita independência. Assim, cada um devia provar que tinha valor e que contribuiu para a liberação do país", relata.

Alienação:

Sobre o desconhecimento da população destes personagens, o doutor em história Luís Cláudio Moisés diz que alguns motivos contribuem para a alienação da população. "No Espírito Santo, principalmente em relação a história colonial do Estado, existe pouca pesquisa. A maioria dos documentos são manuscritos e estão espalhados por vários lugares do Brasil e de Portugal. Além disso, desde 1970, uma população não capixaba muito grande veio morar aqui. Assim, a história capixaba ficou relegada a segundo plano. Até a universidade deixou isso um pouco de lado, porque muitos professores são de fora e não buscam isso como objetivo do seu trabalho", explica.
Luís Cláudio destaca ainda que é comum encontrar pessoas com ensino superior com total desconhecimento em relação a esses assuntos. Ele espera que a história local seja mais divulgada, e comemora o fato de pela primeira vez na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) serão abertos cursos de mestrado e doutorado em História.

Creditos: Leonardo Quarto - Gazetaonline - Herois do Espirito Santo


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